segunda-feira, 28 de maio de 2012

O PAPEL DO EDUCADOR FRENTE A SOCIEDADE ATUAL

 
  Com o desenvolvimento da sociedade é necessário repensar a função do Educador na atualidade. Não se pode mais pensar no Educador como mero transmissor de conhecimentos teóricos, mas sim, também, como um formador de opiniões com a responsabilidade de estar formando cidadãos. Nessa perspectiva o Educador vem a assumir um papel sobre tudo político/social no desenvolvimento da  sociedade, sendo que o processo de ensino-aprendizagem está sempre em construção.
  Nesse contexto, os Educadores são os principais sujeitos para a transformação de antigos métodos de ensino meramente disciplinadores e de conteúdo teórico, assumindo a responsabilidade pela construção de um conhecimento mais crítico e libertário aos educandos. Dessa maneira, poderão alcançar o objetivo de desenvolver nos seus alunos um pensamento crítico e a capacidade de reagir diante das transformações e contradições da sociedade atual. Entretanto, esta forma de ensino aprendizagem não pode estar isolada do conhecimeto técnico e teórico do Educador.
  Não obstante, faz-se necessário que a responsabilidade dos profissionais da educação ultrapasse os limites da aprendizagem teórica, visto que o enfoque dos Educadores deve estar na construção do conhecimento a partir da sua competência e da realidade de seus educandos. Assim oportunizando um saber mais amplo e desempenhando um papel de orientador/mediador junto aos seus alunos, se atendo não só em passar o conteúdo, como também em formar cidadãos conscientes a respeito das diversidades da sociedade. Tendo em vista que no momento em que o Educador instiga à reflexão, os alunos, com o uso da razão, acabam por desenvolver a capaciadade de serem pessoas mais criteriosas críticas dentro da sociedade.
  Dessa forma, o educador vem a exercer um papel fundamental na educação.Muito embora não seja dado o devido reconhecimento a este profissional por nossos governantes, sem dúvida alguma o Educador deve se dar conta de seu papel e se preparar para enfrentar a situação que a sociedade impõe.
  Em fim, os Educadores não devem ser meros transmissores de conteúdos, mas sim prfissionais responsáveis na construção de conhecimentos significativos e na troca de experiências com seus educandos com a finalidade de formar pessoas comprometidas com o desenvolvimento político e social da sociedade.

Aline Mello
Dissertação para pós graduação em Docência do Ensino Superior- IERGS

domingo, 27 de maio de 2012

Inteligências Múltiplas


Gaiolas e asas – Rubem Alves

Os pensamentos chegam-me de um modo inesperado, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que, frequentemente, também Lichtenberg, William Blake e Nietzsche eram atacados por eles. Digo atacados porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Os aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, este aforismo atacou-me: Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controlo. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri, conversando com professores em escolas. O que eles contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças… E eles, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações… Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra – e os domadores com os seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres.

Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que os fecha com os tigres. Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes? Ou serão as escolas que são violentas?

As escolas serão gaiolas? Vão falar-me da necessidade das escolas dizendo que os adolescentes precisam de ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor. Mas eu pergunto: as nossas escolas estão a dar uma boa educação? O que é uma boa educação? O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ficam com uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E, para testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.

Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Sabe o que é um “dígrafo”? E conhece os usos da partícula “se”? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante”? Qual é a utilidade da palavra “mesóclise”? Pobres professores, também engaiolados… São obrigados a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é um hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata a sua experiência com as escolas: Fui forçado (!) a estudar o que os professores decidiam que eu deveria aprender. E aprender à sua maneira.

 O sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que a inteligência era a ferramenta e o brinquedo do corpo, Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender ferramentas, aprender brinquedos. Asferramentas são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia. Os brinquedos são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma.

Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, estão o resumo da educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. As ferramentas permitem-me voar pelos caminhos do mundo. Os brinquedos permitem-me voar pelos caminhos da alma. Quem está a aprender ferramentas e brinquedos está a aprender liberdade, não fica violento. Fica alegre, ao ver as asas crescer… Assim todo o professor, ao ensinar, deveria perguntar-se: Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo? Se não for, é melhor pôr de parte. As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se as escolas são gaiolas ou asas.
Mas eu sei que há professores que amam o voo dos seus alunos.
Há esperança…

Rubem Alves